sexta-feira, 13 de maio de 2011

Os dias paaasam em Cuixá

São Miguel de Cuixá, 09 e 10 de maio de 2011.
Ele ainda pensa que tá na França!!!

Falo pelos dois últimos dias que passaram. Aqui o tempo anda lento, já falei isso, mas as coisas quando acontecem não ocorrem de uma só vez, um turbilhão de emoções diria. Estou concentrando meus esforços pra não me envolver em questões de produção, mas a todo o momento o destino me convida a fazê-lo. Concentração depende dos nãos que você dá, com toda a educação do mundo é claro, senão, volta pra você a energia negativa da negação... E quando consegue imergir na realização do que quer, aí passa algo de novo e produz o que preste. Outra coisa importante é que a melhor forma de se planejar aqui é não planejar nada.
Acabei de ver um pôr do sol atrás da abadia milenar. Lembrei do sol de Ipanema às seis da tarde. Aqui baixou somente às 20h15... Ehehhee, verdade.
Hoje saímos pra gravar... um tempo horroroso, nublado, chovendo, tão pouco chegaram os visitantes de que Marcos falou pra se esquivar de fazer umas imagens suas na biblioteca. Ontem conversei com Diego, nosso produtor e sonidista..., cheguei à conclusão que nunca, nunca um operador de som pode ser o produtor... já deveria saber disso antes, mas como diz o próprio Diego: “me falta calle”... Ah, mas falando da conversa, levou duas horas e meia e serviu pra colocar os pingos nos is e deixar o Freddy e a Lucía furiosos porque não chegávamos para o jantar.
O que tá mais difícil é termos sete dias pra fazer uma película e os padres nunca tem tempo pra planejar a semana com a gente, ou seja, a gente fica algumas horas ociosos e depois acaba fazendo um monte de coisa de uma hora pra outra correndo. Mas a vida é assim... Aperta, afrouxa.. o que quer da gente é coragem, já diria Guimarães Rosa. As imagens estão boas, sobre a história não posso garantir que já tenho material suficiente para contá-la, pero estamos conseguindo seguir bem as coisas essenciais do roteiro. Ás vezes fico entre a cruz e a espada, o Freddy me pede pra ter paciência e ver as coisas de fora e Lucía diz que tenho que ser mais agressivo e pedir uma posição mais clara do Padre Marcus...
O lado bom é que aconteceram coisas boas a partir de um determinado momento do dia... o tempo começou a abrir, consegui combinar com o Monge Remí uma série de ações, na missa do meio dia fomos sem áudio, Diego ficou do lado de fora.  Mas senti uma coisa muito boa quando via Josep, que está se sentindo muito molestado com a câmera durante as missas, cantar nos seus 87 anos, com uma candura e devoção que por mais que a voz saia fraca, sinto uma fragilidade transformada em força. Saímos bem da missa.
Estamos indo bem na película. Josep sentou com a gente no comedor pela terceira vez, comeu biscoito do Pato Luca, o Patolino.... e o gravamos sem o saber, pediu desculpas por saber que está pegando um pouco pesado com a gente e disse que podemos ficar a vontade nas missas, uma conquista. Tudo aqui é muito delicado, as relações, a forma de pedir as coisas, as perdas, e os ganhos, espero que esta delicadeza se transforme em sensibilidade na película.
Bom, agora já é Bona nit... Fins demà!
poderes

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